Após período fraco, o setor de construção civil começa a dar sinais de crescimento. No PIB do 2º trimestre, a área mostrou um crescimento de 2% em relação ao mesmo período de 2018, segundo dados do IBGE. Foi o primeiro resultado positivo após 20 quedas consecutivas.
E o número também se reflete nas contratações. Segundo levantamento da Michael Page, a procura por certos profissionais da área aumentou 300% nos nove primeiros meses deste ano ante o mesmo período anterior.
Renato Trindade, gerente executivo da divisão de operações de Propriedade e Construção da Michael Page e Page Personnel, explica que o número elevado é decorrente da baixa movimentação nos anos anteriores, mas ainda mostra uma retomada e um potencial grande de contratações para o próximo ano.
“O aquecimento está ligado a expectativa de mercado, principalmente com a baixa de juros e o cenário econômico mais favorável. O investimento na construção civil também teve uma retomada forte nos Estados Unidos, o que faz com que os investidores olhem para outros mercados e no momento o mercado brasileiro tem atratividade maior”, fala ele.
Segundo ele, a movimentação de recrutamento foi para cargos de alto nível hierárquico e muito estratégicos para buscar novos negócios e investimentos.
Atualmente, as oportunidades estão concentradas ainda na região Sudeste, onde ficam as bases das maiores incorporadoras, principalmente em São Paulo. Para o resto do Brasil, o gerente acredita que a retomada ocorra de forma mais lenta.
“Não temos um boom de empregos, mas um aumento de oportunidades para profissionais mais qualificados. As empresas têm olhado mais para a eficiência, buscando o profissional multifuncional, que mais possa agregar ao cargo. Elas procuram executivos de níveis altos, mas não há mais tantas cadeiras disponíveis. A indústria passou por uma otimização da gestão, onde havia 10 diretores, agora terá apenas três”, diz.
Para ele, as empresas têm procurado preencher cargos que mostram o interesse para investimentos novos e devem começar no próximo ano as contratações para níveis iniciais, como analistas e especialistas de engenharia e operação.
Confira a relação de cargos mais demandados, com os perfis e salários, da área em 2019:
- Gerente ou diretor de novos negócios:
O que faz: prospecção de novos negócios para a empresa, negociação e busca por terrenos, estudo de viabilidade econômica, especialista em aprovação, legalização, regulamentação, gestão de equipe, participa de convenções e congressos, desenvolve relacionamento no mercado público e privado.
Perfil: é desejável formação ou especialização em Engenharia, Negócios, Negociação. O conhecimento de idiomas é desejável, mas não imprescindível, a depender da empresa. O perfil também é estratégico para relacionamento com a rede de corretores e vendedores.
Salário: para gerente, de 15 a 25 mil reais (com variável). Para diretor, de 25 a 40 mil reais (com variável)
Motivo para alta em 2019: o cargo é peça-chave para aquisições nas incorporadoras e construtoras, gerando oportunidade de novos negócios, também é fundamental nas definições de planos táticos e estratégicos da companhia para o atingimento das metas e aumento nos resultados.
Gerente comercial/vendas:
O que faz: prospecção de potenciais clientes e parceiros, gera demanda e ações promocionais, acompanha a performance e desenvolve a força de vendas, estabelece planos de visitas, realiza análise de concorrentes, estudo de mercado, levantamento de resultados de vendas e demanda, participa de convenções e congressos, desenvolve relacionamento no mercado público e privado.
Perfil: é desejável ter formação ou especialização em Engenharia, Negócios, Marketing, Comercial ou Negociação; ter experiência prévia no mercado de Real Estate; conhecimento de idiomas é desejável, mas não imprescindível, isso pode variar pela nacionalidade e demais pré-requisitos da empresa.
Salários: de 20 mil a 30 mil reais (com variável)
Motivo para alta em 2019: as incorporadoras têm estruturado cada vez mais as “Houses” ( braços comerciais de vendas do setor imobiliário) para não depender das imobiliárias e corretoras, oferecendo pacote mais atrativo e treinamentos preparatórios. As “Houses” se tornaram peça-chave nas definições de planos táticos e estratégicos comerciais das incorporadoras para o cumprimento das metas, aumento nos resultados de vendas e engajamento da equipe comercial.
- Gerente de facilities/property:
O que faz: é o profissional responsável pela gestão dos contratos terceirizados ou de prestação de serviços no que diz respeito a aluguel, recepção, manutenção, instalação, limpeza, telefonia, segurança patrimonial, compras, etc. Esse profissional também fica responsável pela elaboração de estratégias de revisão/cancelamento/assinatura desses contratos, visando ao controle de custos, estabelecimento de despesas previstas, elaboração de budget anual ou semestral. Ele também olha para o estabelecimento de novas parcerias e benefícios que agreguem valor à vida dos colaboradores, bem como busca a implementação de inovações tecnológicas que proporcionem bem-estar geral. O objetivo é sempre avaliar e apresentar os resultados obtidos.
Perfil: é desejável formação em Engenharia Civil, com pós ou especialização em Administração, Arquitetura, Direito e áreas correlatas.
Salário: de 18 mil a 25 mil reais, dependendo do porte da empresa.
Motivo para retomada em 2019: em momento de retomada é importante “organizar a casa” e priorizar redução de custos e despesas, bem como retomar o olhar de cuidado com os serviços aos clientes e aos colaboradores.
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