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Com ações mais próximas da realidade nacional, Caixa colhe frutos positivos - Sinduscon PE

Com ações mais próximas da realidade nacional, Caixa colhe frutos positivos

14/06/2021 - Fonte: Pernambuco.Com - Economia

Neste fim de semana, a Caixa Econômica Federal cumpre a 100ª edição do Caixa Mais Brasil. Lançado em janeiro de 2019, o programa tinha como finalidade primeira aproximar o banco estatal do seu público, formado por milhões de brasileiros, muitos deles de condição humilde. Mas a iniciativa promoveu mais do que isso: desencadeou transformações importantes na própria Caixa, como redução de despesas e contratação de mais portadores de deficiências físicas. O contato direto com a realidade brasileira, sem os filtros da burocracia estatal e dos relatórios financeiros, deu ao presidente da Caixa, Pedro Guimarães, uma nova percepção do país. E, consequentemente, da instituição que assumiu após uma passagem de 20 anos pela iniciativa privada.

O Caixa Mais Brasil reforçou o perfil social, já bastante acentuado no banco estatal. Mas o programa causou, segundo Guimarães, uma mudança na visão estratégica da instituição. “Com o programa, e a escuta e a reação rápida aos problemas que vimos, nós mudamos a Caixa. Quando a gente assumiu, não tinha nenhuma mulher como vice-presidente, nem diretora. Hoje são quatorze. As pessoas com deficiência eram só 1,5% por cento, quando o mínimo é 5%. Nós elevamos esse índice”, detalhou Pedro Guimarães.

A iniciativa consiste na visitação presencial de vários municípios nos quais há agências, lotéricas ou correspondentes Caixa. Durante um fim de semana, uma equipe liderada por Guimarães tem uma agenda de encontros com colaboradores da instituição para ouvir sugestões e reclamações; microempresários que necessitam de créditos e outros serviços; e moradores, que relatam as necessidades cotidianas, seja de moradia, de saúde ou de acesso à tecnologia.

Após dois anos do programa, a instituição implementou diversas mudanças solicitadas por cada região.“O Caixa Mais Brasil foi uma imersão, um estudo sobre a Caixa e o que ela precisava mudar. Eu precisava conhecer a Caixa, ouvir o que os empregados precisavam e como o nosso cliente vive. Além de escutar, era preciso agir rápido ao que ouvimos”, conta Guimarães.

A taxa de juros do cheque especial foi reduzida em 76%, uma queda de 13,99% para 1,89%. Com as visitas, a equipe do programa decidiu conceder empréstimos apenas para micro e pequenas empresas. Durante a pandemia, foram destinados R$ 35,7 bilhões para 300 mil pequenos negócios. Já o contato com pequenos agricultores resultou na criação de 51 novas unidades da Caixa com foco no agronegócio.

No mercado de habitação, a instituição pausou, em outubro de 2020, temporariamente prestações de financiamento para aliviar as despesas durante a pandemia. A medida entrou novamente em vigor este mês, para quem recebe o auxílio emergencial e o seguro-desemprego. Além disso, as obras de empreendimentos habitacionais, como o Casa Verde e Amarela, receberam aporte financeiro, o que resultou na retomada de 744 projetos e 94 mil casas ou apartamentos para beneficiados.

A instituição também passou por mudanças. Enquanto outros bancos fecham agências ao apostar no digital, a Caixa abriu 130 novas unidades no país. “Não são agências em São Paulo, por exemplo, porque não é preciso. Mas, sim, em locais distantes. Eu conheci pessoas que viajam de seis a oito horas para ir até uma agência”, conta Guimarães.

A diversidade no quadro de colaboradores também foi alvo de mudança. Ao ser questionado por um colaborador em uma das viagens sobre o número de pessoas com deficiência (PCD) contratadas na Caixa, Pedro descobriu que o quadro de funcionários não tinha nem o mínimo exigido em lei. “Logo percebi o erro e contratamos cerca de 2 mil pessoas nessa condição. Hoje, nossos funcionários mais eficientes são PCD”, diz.

A 100ª edição do Caixa Mais Brasil, que ocorre neste fim de semana, será destinada à visitação de áreas de preservação de biomas brasileiros. Cem equipes serão direcionadas aos pontos escolhidos, entre elas está a de Pedro Guimarães, que irá conhecer a Floresta Nacional do Tapajós, no Pará.


Entrevista com Pedro Guimarães (presidente da Caixa Econômica Federal)

A 100ª edição do Caixa Mais Brasil ocorre neste fim de semana. Qual o balanço?

Desde o começo, com a minha formação no mercado financeiro e em conversas com o ministro Paulo Guedes, a gente tinha sempre muito claro quais eram os movimentos importantes para a Caixa. Além disso, era preciso perceber e ouvir quais outras alterações eram necessárias no banco. O Caixa Mais Brasil nasceu disso: de sair de Brasília, e ir a todos os lugares do Brasil, conversando com os empregados, com os clientes, com os empresários e ver e ouvir as necessidades. Nas viagens, tratamos dos clientes do banco social, quem recebe o auxílio emergencial e o Bolsa Família, por exemplo, porque são pessoas que dificilmente vão a outros bancos. Esse público da Caixa é, muitas vezes, sofrido. Por isso precisávamos conhecê-lo.

O programa surpreendeu?

Na primeira viagem, ainda em 2019, todos estavam sem entender o que estava acontecendo. Os empregados da Caixa do local não estavam acostumados a receber alguém de fora. Acho que nenhum diretor do banco tinha ido lá, imagina o presidente. Nós conversamos com eles, de verdade, como estou conversando com você.

Quais foram os resultados práticos?

Até aqui, reduzimos mais de R$ 400 milhões por ano de despesa. Porque eu vi o que poderia ser cortado, informações que não iam chegar até mim se eu ficasse aqui. Havia muitos desperdício com prédios, por exemplo, e já fechamos mais de 70. Em São Paulo, nós tínhamos oito prédios apenas na Avenida Paulista. Hoje estamos em um. Isso é consequência das visitas do Caixa Mais Brasil, assim como o empréstimo somente a micro e pequenas empresas, a pausa nas parcelas de financiamento durante a pandemia e a abertura de agências.

E em relação aos funcionários?

Com o programa, e a escuta e a reação rápida aos problemas que vimos, nós mudamos a Caixa. Quando a gente assumiu, não tinha nenhuma mulher como vice-presidente, nem diretora. Hoje são quatorze. As pessoas com deficiência eram só 1,5% por cento, quando o mínimo é 5%. Nós elevamos esse índice. Contratamos mais gente nesses dois anos do que nos últimos sete anos. Pagamos meio bilhão de reais aos empregados de um dinheiro que estava sendo devido a eles e ninguém reconhecia. Então, eu sinto que os empregados reconhecem que a gente faz tudo que a gente pode. Muitas dessas questões eu descubro viajando pelo Brasil, ouvindo-os.

O Caixa Mais Brasil mudou sua visão do mercado financeiro, com mais atenção ao cliente?

Cem por cento de acordo. Eu perdi o meu pai e minha mãe, relativamente cedo. Neste fim de semana fará 26 anos que perdi o meu pai, e 16 a minha mãe. Meu pai faleceu em 12 de junho. Ele era professor de natação, participou de várias Olimpíadas, mas não tinha muito dinheiro. Nossa vida financeira era complicada, a gente vivia em cheque especial, quase perdemos o financiamento do nosso apartamento. Após o falecimento dele, eu só consegui continuar minha carreira porque obtive uma bolsa de estudos pelo Capes/CNPq para fazer mestrado e doutorado. Por isso, eu sempre tive, desde sempre, um sonho de devolver. O Brasil transformou a minha vida, me deu uma chance que eu não teria. E eu sempre senti que eu devia isso aos brasileiros.

Pode citar um momento marcante das viagens?

Um momento que me marcou muito foi quando estive em Oeiras, no interior do Piauí, na 5ª edição do Caixa Mais Brasil. Lá vi algo que nunca tinha visto na minha vida. Quando falava em pobreza pra mim, era a Comunidade da Rocinha. Mas o que vi em Oeiras não está no meu dicionário. Pessoas que moram numa casa sem telhado, uma casa de barro, sem banheiro, cheio de escorpiões, com quatro crianças. Uma moça de 25 anos, obviamente sem marido. E as pessoas falam em cobrar! Não tem como cobrar uma pessoa que mora em uma casa sem telhado. Essa é a diferença entre a realidade e as discussões que ouvi em Brasília, de pessoas que não tinham noção da realidade. Eu já tinha a noção matemática. Agora tenho a visão de pessoas como Oeiras. Na Caixa é preciso isso. Um banco social tem que ter a maximização do resultado, e esse resultado deve virar, na minha opinião, redução de taxas e abertura de agências. ‘Ah, porque os outros bancos estão fechando agências e vocês abrindo?’ Porque a gente está em Oeiras, e eles, na Faria Lima.

Qual foi o impacto pessoal do Caixa Mais Brasil?

Trabalhei no mercado financeiro, acabei tendo retorno financeiro muito maior do que eu imaginava. Mas isso não faz diferença. Para mim, de coração, faz muito mais diferença você poder reduzir uma taxa de juros e saber que isso vai atingir uma série de famílias que não poderiam pagar. É você lançar uma linha de crédito, como lançamos semana passada, em que a gente financia 100% do imobiliário. É ajudar as pessoas como elas são. Pra mim é o que me deixa mais feliz. Isso mudará a cara da Caixa Econômica. Sociedade, empregados e clientes demandarão cada vez mais uma Caixa de todos os brasileiros e não de alguns.



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