Boas Práticas

Urbanismo e Sustentabilidade

Um dos principais desafios dos centros urbanos é implantar a premissa da sustentabilidade na sua gestão. Isso porque, atualmente, as cidades são insustentáveis. Para entender, é preciso falar um pouco do conceito: sustentabilidade, em termos simples, significa manter o equilíbrio de um sistema para que o mesmo possa durar. Para isso, deve produzir tudo aquilo que consome e reaproveitar todos os seus dejetos, num ciclo constante de reciclagem interna.

É o que explica a professora Fátima Furtado, do Departamento de Arquitetura e Urbanismo da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE). “Os ecossistemas na natureza, por meio de um refinamento inteligente, dispõem dos próprios recursos dos quais necessitam, além de reciclar todo e qualquer dejeto que venham a produzir”, explica. “As cidades não funcionam dessa forma. A produção da comida vem da área rural, a energia vem das usinas, ao passo em que os efluentes tóxicos e atmosféricos e demais resíduos não são reaproveitados”, enfatiza.

Contudo, seria necessário desconstruir a lógica de consumo e lucro típica do capitalismo para mudar o quadro. “O consumismo incentiva o descarte”, afirma. O cidadão também deveria modificar a maneira como atua dentro desse sistema. “As pessoas não optariam por morar em um prédio de três andares que não tivesse elevador, por exemplo, apesar de se enquadrar mais no contexto sustentável”, afirma. Da mesma forma, a bicicleta ou o transporte público são preteridos como meios de locomoção, já que o automóvel particular traz maior conforto.

Uma arquitetura sustentável poderia ser praticada se a concepção do projeto priorizasse a diminuição de uso de recursos – principalmente os não renováveis, como a água –, gestão dos resíduos produzidos e maior eficiência energética, levando em consideração o contexto local. “Em local de muita claridade, se um apartamento é construído com janelas amplas, será necessário comprar persianas, que vão fechar as entradas de vento, aumentar o calor e demandar a aquisição de um ar condicionado. Tudo isso implica em maior consumo de energia e indica que existe algo errado”, reforça Fátima Furtado.

Segundo o professor Maurício Andrade, do Departamento de Engenharia Civil da UFPE, a cidade sustentável deve oferecer sistemas de transporte que utilizem energias renováveis e pouco poluentes, com estrutura propícia para evitar o uso de carros e motos pelos habitantes; gerenciar os resíduos e o esgoto, por meio do saneamento; e garantir a manutenção de espaços verdes. “São investimentos que assegurariam a preservação dos recursos naturais e, portanto, a preparação das cidades para as gerações futuras”, pontua.



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